Skip to main content

Jesus

Jesus
Jesus
Pintura Jesús con la cruz a cuestas por El Greco.
Ainda que não existam retratos de Jesus e tampouco qualquer indicação de sua aparência, é freqüente a sua representação na arte do Cristianismo.
Nome completo Jesus de Nazaré
Nascimento 8-4? a.C.[1]
Belém, Judéia [nota 1]
Falecimento 29-36? d.C.[1]
Jerusalém, Judéia[nota 2]
Causa da morte Crucificação
Etnia Judeu
Ocupação Carpinteiro, profeta itinerante e rabino



Jesus é a figura central do cristianismo[4]. Para a maioria dos cristãos ele é a encarnação de Deus, o "Filho de Deus", que teria sido enviado à Terra para salvar a humanidade. Acreditam que foi crucificado, morto, desceu à mansão dos mortos e ressuscitou ao terceiro dia (na Páscoa)[4]. Para os adeptos do islamismo, Jesus é conhecido no idioma árabe como Isa (عيسى, transl. Īsā), Ibn Maryam ("Jesus, filho de Maria"). Os muçulmanos tratam-no como um grande profeta e aguardam seu retorno antes do Juízo Final[5] [6]. Alguns segmentos do judaísmo o consideram um profeta[7] , outros um apóstata[8]. A Bíblia é umas das principais fontes de informação sobre ele.

Embora tenha pregado apenas em regiões próximas de onde nasceu, a província romana da Judéia, sua influência difundiu-se enormemente ao longo dos séculos após a sua morte. Ele pode ser considerado como uma das figuras centrais da cultura ocidental.

Fontes textuais

O papiro P52, escrito em grego e paleograficamente datados como tendo sido escrito por volta do ano 125 d.C., é atualmente reconhecido como o mais antigo documento sobre Jesus[nota 5]. Contém um fragmento de João 18:31-33 no recto (frente) e João 18:37-38 no verso.

As fontes textuais sobre Jesus podem ser agrupadas em quatro categorias:

  • As cartas de Paulo, (posteriormente incluídas no Novo Testamento): Escritas aproximadamente entre 51 e 63 d.C. [9], por Paulo de Tarso, representam os documentos cristãos mais antigos, mas não contêm informações biográficas sobre Jesus que poderiam ser úteis para o estudo da figura histórica. No entanto, seu testemunho nos ajuda a entender como Jesus era reconhecido nas mais antigas comunidades cristãs;
  • Os quatro evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João): De acordo com alguns historiadores, estes textos chegaram a sua forma definitiva em meados do século I, tendo sido escritos em várias versões, que foi precedida de uma década de tradição oral[nota 6], enquanto outros só chegariam em sua versão definitiva apenas na metade do segundo século[10]. Eles recontam em pormenores a vida pública de Jesus, ou seja, o período de no pregações nos últimos anos da sua vida. No entanto, há limitadas informações sobre sua vida privada. Representam os principais documentos em que convergem os trabalhos hermenêuticos dos historiadores. Na atualidade, diversas escolas com diferentes pontos de vista sobre a confiabilidade dos evangelhos e a historicidade de Jesus têm se desenvolvido;
  • Os livros apócrifos: Geralmente, não são aceitos pelos estudiosos como testemunhas confiáveis da história [11][nota 7] (dada a sua composição tardia, os mais antigos datam de meados do século II, são mais úteis na reconstrução do ambiente religioso dos séculos seguintes[12][nota 8]), eles fazem uso de fábulas legendárias em grande partes de suas narrativas.[13]. Seus tipos e estilos são variados:
  • Fontes históricas não-cristãs sobre Jesus: Em algumas obras de autores antigos não-cristãos estão algumas referências esparsas sobre Jesus ou seus seguidores. A mais antiga destas obras é o Testimonium Flavianum. Alguns historiadores [14] consideram tais referências como interpolações posteriores de copistas cristãos.

Etimologia

O nome Jesus vem do hebraico ישוע (Yeshua), que significa "Jeová (YHVH) salva"[15]. Foi também descrito por seus seguidores como Messias (do hebraico משיח (mashíach, que significa ungido e, por extensão, escolhido[16]), cuja tradução para o grego, Χριστός (Christós), é a origem da forma portuguesa Cristo[17].

Nomes e títulos de Jesus

O símbolo do peixe, recorrente no início da iconografia cristã. O termo "peixe" em grego ἰχθύς (ichthýs) é o acrônimo de Ἰησοῦς Χριστός Θεοῦ Ὑιός Σωτήρ (Iēsoùs Christòs Theoù Yiòs Sōtèr), Jesus Cristo Filho de Deus Salvador[18].

Nos livros de Novo Testamento, Jesus é mostrado não só com o seu próprio nome mas também com vários epítetos e títulos (A lista está em ordem decrescente de frequência):

  • "Cristo". Literalmente significa "ungido"[16], e foi posteriormente associado ao Messianismo. Na época de Jesus, o Cristo era esperado pelo povo judeu, especialmente para promover um resgate social e político[nota 10][nota 11]
  • "Senhor". Utilizado principalmente no livro de Atos dos Apóstolos e nas cartas. O título honorífico, em grego clássico é desprovido de valor religioso, mas é particularmente significativa a aplicação dele a Jesus, pela associação que a Septuaginta faz deste título com o temo hebraico יהוה (YHWH), que é um dos nomes de Deus.
  • "Rei". O atributo da realeza foi relacionada com o Messias, que era considerado um descendente e herdeiro do Rei Davi. Jesus, apesar de se indetificar como o Messias, rejeitou as prerrogativas políticas do título[20].

Alguns dos seus outros títulos são: Rabi (ou Mestre)[21] Profeta[22] Sacerdote[23], Nazareno[24], Deus[25], Verbo[26], Filho de José[27] e Emanuel[28].

Além disso, especialmente no Evangelho segundo João, são aplicadas a Jesus expressões alegóricas como: Cordeiro, Cordeiro de Deus, Luz do Mundo, pastor, bom pastor, pão de vida, pão vivente, pão de Deus, porta, Caminho e Verdade[29].

Pontos de vista sobre Jesus

Método histórico

Ver artigo principal: Jesus histórico

Estudiosos têm utilizado o método histórico para desenvolver a provável reconstruções da vida de Jesus. Ao longo dos últimos duzentos anos, a imagem de Jesus entre os estudiosos históricos tem vindo a ser muito diferente da imagem de Jesus baseada nos evangelhos[30]. Alguns estudiosos fazem uma distinção entre Jesus reconstruindo através dos métodos históricos e o Jesus entendido através de um ponto de vista teológico[nota 12], ao passo que outros estudiosos sustentam que o Jesus teológico representa uma figura histórica[4]. As principais fontes de informação sobre a vida de Jesus e seus ensinamentos são os evangelhos, especialmente os evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas. Acadêmicos bíblicos e historiadores aceitam a existência histórica de Jesus[nota 13][nota 14][31][32].

O livro do alsaciano Albert Schweitzer A Busca do Jesus histórico[33] é um esforço pós-iluminista para descrever Jesus usando o método histórico crítico. Desde o final do século XVIII, estudiosos têm analisado os evangelhos e tentado formular a biografia histórica de Jesus. Os esforços contemporâneos tentam melhorar a compreensão do judaísmo do século I, analisando os textos religiosos cristãos e usando os métodos de crítica histórica e sociológica, além da análise literária dos ditos de Jesus[34].

No islamismo

Ascensão de Jesus em uma antiga pintura turca.[35]

Ver artigo principal: Isa (profeta)

Jesus, conhecido em árabe como Isa ou Isa ibn Maryam ("Jesus, filho de Maria"), é um dos principais Profetas do Islã. De acordo com o Alcorão foi um dos profetas mais amados por Deus e, ao contrário do que se passa no cristianismo, não é um ser divino. Existem notáveis diferenças entre o relato dos Evangelhos e a narração do Alcorão da história de Jesus.

A virgindade de Maria é plenamente reconhecida[36]. Jesus é o único que teria anunciado a chegada de Maomé como o último profeta [37]. A morte de Jesus é tratada como complexa, por não reconhecer explicitamente o seu sacrifício e dizer que antes da morte ele foi substituído por outro, dos qual nada é dito, enquanto Jesus ascende ao céu e ludibria os judeus[38]. A morte ignominiosa de Jesus não está coberta, porém, afirma-se o seu regresso no dia do Juízo Final [39] e a descoberta, nesse dia, de que a obra de Jesus era verdadeira[nota 15].

O Alcorão rejeita a trindade, considerada falsa, e se refere a Jesus como "Verbo de Deus", mas não o filho dele. [nota 16][40].

No judaísmo

Ver artigo principal: Yeshua

O judaísmo acredita que a idéia de Jesus ser Deus, ou parte de uma trindade, ou um mediador de Deus, é heresia[41]. O judaísmo também sustenta que Jesus não é o messias[42] argumentando que ele não cumpriu as profecias messiânicas da Tanakh nem encarna as qualificações pessoais do Messias. O judaísmo afirma que Jesus não cumpriu as exigências estabelecidas pela Torá para provar que ele era um profeta. E mesmo que Jesus tivesse produzido um sinal que fosse reconhecido pelo judaísmo, afirma-se que nenhum profeta poderia contradizer as leis já mencionado na Torá, que os rabinos afirmam que Jesus fez[43]

O Mishneh Torá, escrita por Maimônides (ou Rambam), considerado uma das obras da lei judaica, diz que "Jesus é um "obstáculo" quem faz "a maioria do mundo errar para servir a uma divindade além de Deus". De acordo com o judaísmo conservador, os judeus que acreditam que Jesus é o Messias "cruzaram a linha" para fora da comunidade judaica[44][45]. E quanto ao Judaísmo reformista, o movimento progressista moderno, afirmam: "Para nós, da comunidade judaica alguém que afirma que Jesus é seu salvador já não é um judeu e sim um apóstata"[46].[nota 17]

No cristianismo

Ver artigos principais: Cristologia e Jesus Cristo.

A figura de Jesus de Nazaré é o centro da religião conhecida como cristã, embora existam diversas interpretações sobre a sua pessoa.[nota 18] De um modo geral, para os cristãos, Jesus de Nazaré é o protagonista de um único ato[nota 19] e intransferível, pelo qual o homem adquire a capacidade de deixar a sua natureza decaída e atingir salvação[nota 20]. Tal ato é consumado com a ressurreição de Jesus. A ressurreição é, portanto, o fato central do cristianismo e constitui sua esperança soteriológica. Como ato, é exclusivo da divindade e indisponível homem. De forma mais precisa, a encarnação, a morte e a ressurreição compensam os três obstáculos que separam, segundo a doutrina cristã, Deus do homem: a natureza[nota 21], o pecado[nota 22], e a morte[nota 23]. Pela Encarnação do Verbo, a natureza divina se faz humana[47]. Pela morte de Cristo, se vence o pecado e por sua ressurreição, a morte.[48]

Historicamente, o núcleo da doutrina cristã foi fixado no Concílio de Nicéia, com a formulação de Credo niceno. Este concílio é reconhecido pelas principais denominações cristãs: católica, ortodoxa e de várias igrejas protestantes. O texto do Credo Niceno que se refere a Jesus é o seguinte:

Cremos em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai desde toda a eternidade, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai; por Ele todas as coisas foram feitas. Por nós e para nossa salvação, desceu dos céus; encarnou por obra do Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e fez-se verdadeiro homem. Por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; sofreu a morte e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai. De novo há-de vir em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.

Existem, no entanto, igrejas não trinitárias que não reconhecem a existência de uma trindade de pessoas em Deus[nota 24].

Jesus de Nazaré é também considerado a encarnação e filho de Deus, segunda pessoa da trindade cristã. É por filho por natureza, e não por adoção, o que significa que sua divindade e sua humanidade são inseparáveis[nota 25]. A relação entre a natureza divina e humana foi fixada no Concílio de Calcedónia, nestes termos:

Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo, consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado segundo a divindade pelo Pai antes de todos os séculos, e nestes últimos dias, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus; um e só mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis; a distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é preservada a propriedade de cada natureza, concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo, conforme os profetas desde o princípio acerca dele testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou, e o Credo dos santos Pais nos transmitiu.[49]

 

Denominações cristãs com discrepâncias doutrinárias

Ver artigo principal: Disputas cristológicas

Existem algumas minorias cristãs que não partilham das definições do Concílio de Nicea, do Concílio de Éfeso e do Concílio de Calcedónia.

  • Nestorianismo variante doutrinal inspirado pelo pensamento de Nestório, que possui uma denominação ativa hoje (a Igreja Assíria do Oriente). O centro de sua doutrina é a recusa a acreditar que o Filho de Deus tenha algum dia sido uma criança. Consequentemente, a separação entre as pessoas humana e divina de Jesus. Foi rejeitado pelo Concílio de Éfeso.
  • Monofisismo é a variante de uma unificação das duas doutrinas sobre a natureza de Jesus de Nazaré. Afirma que em Cristo existe uma só natureza: a divina. Ele foi promovido pelo Eutiques e rejeitado no Concílio de Calcedónia.

Novos movimentos religiosos de origem cristã

Vários movimentos religiosos cristãos, geralmente protestantes, surgidos a partir da segunda metade do século XIX, se afastaram das crenças da maioria das denominações cristãs no que concerne à trindade divina, a natureza de Cristo e a sua missão. Discute-se se esses movimentos podem ser considerados como cristãos.

  • Os Testemunhas de Jeová consideram Jesus como o único a ser criada diretamente por Deus. Ele não é um homem nem o Deus onipotente, mas "uma poderosa criatura espiritual" e um rei entronizado[52]. Além disto, Jesus não faz parte de uma trindade, nem foi ressuscitada por si próprio, mas Deus o levantou dos mortos[53]. Os Testemunhas de Jeová afirmam que Jesus não morreu na cruz[54], e, portanto, não usam a cruz ou qualquer outro símbolo. Outra característica importante é que Jesus se tornou rei do céu em 1914 e que o arcanjo Miguel é Jesus Cristo na sua posição celestial.
  • A Igreja Adventista do Sétimo Dia enfatiza, como a maioria dos grupos adventistas, uma escatologia milenarista e acredita que a segunda vinda de Jesus é iminente e que será visível e palpável.

Outros movimentos se afastam muito das crenças cristãs, como alguns que negam terminantemente a divindade de Jesus e a sua missão de salvação[nota 26].

Biografia de Jesus pelo Novo Testamento

Grande parte do que é conhecido sobre a vida e os ensinamentos de Jesus é contado pelos Evangelhos canônicos: Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, pertencentes ao Novo Testamento da Bíblia. Os Evangelhos Apócrifos apresentam também alguns relatos relacionados a Jesus.

Esses Evangelhos narram os fatos mais importantes da vida de Jesus. Os Atos dos Apóstolos contam um pouco do que sucedeu nos 30 anos seguintes. As Epístolas (ou cartas) de Paulo também citam fatos sobre Jesus. Notícias não-cristãs de Jesus e do tempo em que ele viveu encontram-se nos escritos de Josefo[nota 27], que nasceu no ano 37 d.C.; nos de Plínio, o Moço, que escreveu por volta do ano 112; nos de Tácito, que escreveu por volta de 117; e nos de Suetônio, que escreveu por volta do ano 120.

Sinopse dos principais eventos da vida de Jesus
Mateus Marcos Lucas João Outros textos
- - - Prólogo teológico (João 1:1-18) -
Genealogia de Jesus (Mateus 1:1-17) - Genealogia de Jesus (Lucas 3:23-38) - -
Anunciação a José (Mateus 1:18-25) - Anunciação a Maria (Lucas 1:26-38) - -
Preparativos para o nascimento (Mateus 1:25-2:1) - Nascimento (Lucas 2:1-20) - -
Epifania (Mateus 2:1-12) - - - -
- - Circuncisão e Apresentação no templo (Lucas 2:22-39) - -
Fuga para o Egito e
Massacre dos bebês por Herodes (Mateus 2:13-23)
- - - -
- - Jesus no templo (Lucas 2:41-50) - -
Batismo de Jesus e
tentação no deserto
(Mateus 3:13-4:11)
Batismo de Jesus e
tentação no deserto
(Marcos 1:9-13)
Batismo de Jesus e
tentação no deserto
(Lucas 2:21-22 e Lucas 4:1-13)
- -
Ministério público
com algumas perícopes[nota 28]
(Mateus 4:12-20,34 e Mateus 21:18-25,46)
Ministério público
(Marcos 1:14-10,52 e Marcos 11:20-13,37)
Ministério público
com muitas perícopes[nota 29]
(Lucas 4:14-19,27 e Lucas 20:1-21,38)
Ministério público
com muitas perícopes[nota 30]
(João 1:35-12,50 e João 13:31-17,26)
«Palavras e atos, sinais e maravilhas»
(Romanos 15:18-19)
A entrada em Jerusalém (Mateus 21:1-11) A entrada em Jerusalém (Marcos 11:1-10) A entrada em Jerusalém (Lucas 19:29-44) A entrada em Jerusalém (João 12:12-15) -
Última Ceia e
instituição da Eucaristia (Mateus 26:26-29)
Última Ceia e
instituição da Eucaristia (Marcos 14:22-25)
Última Ceia e
instituição da Eucaristia (Lucas 22:15-20)
Última Ceia e
lavagem dos pés dos discípulos (João 13:1-11)
Última Ceia e
instituição da Eucaristia
(1 Coríntios 11:23-26)
Prisão, Julgamento e Crucificação de Jesus (Mateus 26:30-27:66) Prisão, Julgamento e Crucificação de Jesus (Marcos 14:32-15:47) Prisão, Julgamento e Crucificação de Jesus (Lucas 22:39-23:56) Prisão, Julgamento e Crucificação de Jesus (João 18:1-19:42) -
Ressurreição e aparições (Mateus 28:1-20) Ressurreição e aparições (Marcos 16:1-20) Ressurreição e aparições (Lucas 24:1-49)[nota 31] Ressurreição e aparições (João 20:1-31) Aparições em outros textos de Novo Testamento[56]
- - - Aparições na Galiléia (João 21:1-25) -
- Ascensão de Jesus (Marcos 16:19) Ascensão de Jesus (Lucas 24:50-53) - Ascensão de Jesus (Atos 1:6-11)

Genealogia

A anunciação do Anjo Gabriel a Maria, por Leonardo da Vinci, 1475, Galleria degli Uffizi, Florença

Há duas apresentações nos Evangelhos sobre a genealogia de Jesus. Uma delas está logo no começo do livro de Mateus (Mateus 1:1-17) e se refere à linhagem real de Jesus por intermédio de José, apresentando-o como descendente do Rei Davi. A outra encontra-se registrada por Lucas (Lucas 3:23-38) e fala da linhagem de Maria, que também descende de Davi.

Mateus menciona sinteticamente um total de 46 antepassados que teriam vivido até uns dois mil anos antes de Jesus, começando por Abraão. Em seu relato, o apóstolo cita não somente heróis da fé, mas também menciona os nomes das mulheres estrangeiras que fizeram parte da genealogia tanto de Jesus quanto de Davi, que no caso foram Rute, Raabe e Tamar. Também não omite os nomes dos perversos Manassés e Abias, ou de pessoas que não alcançaram destaque nas Escrituras judaicas. Divide então a genealogia de Jesus em três grupos de catorze gerações: de Abraão até Davi, de Davi até o cativeiro babilônico, ocorrido em 586 a.C., e do exílio judaico até Jesus.

Lucas, por sua vez, aborda a genealogia de Jesus a partir de sua mãe, retrocedendo continuamente até Adão, talvez com o objetivo de mostrar o lado humano de Jesus. E, superando Mateus, Lucas fornece um número maior de antepassados de Jesus[57].

Nascimento

Ver artigo principal: Nascimento de Jesus
Consulte também: Três Reis Magos.

De acordo com o relato de Lucas, na época do rei Herodes o sacerdote Zacarias, esposo de Isabel — ambos já de idade avançada —, recebeu a promessa do nascimento de João Baptista através do anjo Gabriel.

No sexto mês da gestação de Isabel, o mesmo anjo Gabriel aparece a Maria na cidade de Nazaré, a qual era virgem e noiva de José, e anuncia que ela viria a conceber do Espírito Santo e que daria ao seu filho o nome de Jesus. Mateus traz a informação de que José, ao saber que sua noiva estava grávida, não teria compreendido inicialmente que Maria recebera a missão de conceber o Messias e se afastou dela. Mas em sonho, um anjo o revelou a vontade de Deus, e aceitando-a, recebeu Maria como esposa.

Segundo Mateus, o imperador Otávio Augusto teria promovido um recenseamento de todos os habitantes do Império, tendo estes que se alistar em suas respectivas cidades. José, por ser da cidade de Belém, teria levado Maria até esta cidade. Chegando ao local de destino, por não terem encontrado hospedagem, Jesus nasce em uma manjedoura. Segundo Lucas, os pastores da região, avisados por um anjo, vieram até o local do nascimento de Jesus.

Completados os oito dias que determinava a tradição judaica, Jesus foi apresentado ao templo por sua família para ser circuncidado, quando foi abençoado por Simeão e Ana.

Segundo o relato do evangelista Mateus, Jesus teria recebido a visita dos magos do oriente, os quais, segundo a tradição natalina, seriam três reis da Pérsia. Os magos teriam chegado a Jerusalém seguindo a trajetória de uma estrela que anunciaria a vinda do Messias ao mundo. E, ao encontrarem Jesus numa casa com Maria, adoraram-lhe e ofertaram ouro, incenso e mirra representando, respectivamente, a sua realeza, a sua divindade e a sua imortalidade. Por causa desta visita Herodes teria se decidido a matar aquele que lhe iria tomar o trono. Tal notícia teria chegado a José, que então foge com Maria e o menino para o Egito. Jesus e sua família teriam permanecido no Egito até a morte de Herodes, quando então José, após ser avisado por um anjo em seus sonhos, retorna para a cidade de Nazaré.

Infância e juventude

John Everett Millais, Gesù nella casa dei suoi genitori, 1850.

Pouco sabem os historiadores sobre a infância de Jesus. Conforme o Evangelho de Mateus, Jesus teria passado o começo de sua infância no Egito até a morte do rei Herodes, que queria matá-lo.

Em virtude da lacuna deixada pelos Evangelhos Canônicos, o pouco que se sabe da infância de Jesus provém de um relato sobre sua vida dos cinco aos doze anos, feita por Tomé, filósofo israelita do século I, conhecido como "A Infância do Senhor Jesus", também denominado como o Evangelho do Pseudo-Tomé, um antigo manuscrito apócrifo escrito em Siríaco. Porém é conveniente salientar que tais fontes têm sua autenticidade contestada, e em alguns casos é notória a influência do pensamento de grupos religiosos dos século II ao IV, diversos das raízes tradicionais cristãs.

Em umas das poucas referências canônicas à juventude de Jesus, Lucas diz que, aos 12 anos, ele foi com os pais de Nazaré a Jerusalém, para a festa de Pessach, a Páscoa judaica, e lá surpreendeu os doutores do Templo pela facilidade com que aprendia os ensinos, e por suas perguntas intrigantes. [58]

Batismo e tentação

Tentação de Cristo por Ary Scheffer, pintura do século XIX.

Todos os três Evangelhos sinóticos descrevem o batismo de Jesus por João Batista[59], e este evento é descrito pelos eruditos bíblicos como o início do ministério público de Jesus. De acordo com as fontes canônicas, Jesus foi para o rio Jordão onde João Batista estava pregando e batizando as pessoas.

Mateus descreve que João estava hesitante em atender o pedido de Jesus para ser batizado, alegando que ele é quem deveria ser batizado por Jesus. Mas Jesus insistiu, "Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça." (Mateus 3:15). Depois que Jesus foi batizado e saiu da água, Marcos afirma que Jesus "viu os céus se abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele. e ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo." (Marcos 1:10–11). O Evangelho de João não descreve o batismo e nem se refere a João como "o Batista" mas ele atesta que Jesus é aquele sobre quem João tinha pregado — o Filho de Deus.

Após o seu batismo, Jesus foi levado para o deserto por Deus, onde jejuou durante quarenta dias e quarenta noites[60]. Durante esse tempo, o diabo lhe apareceu e o tentou por três vezes. Em cada uma das vezes, Jesus rejeitou as tentações respondendo com uma citação das escrituras[61]. Em seguida o diabo se foi e os anjos vieram para cuidar de Jesus.[62]

Ministério

Os evangelhos narram que Jesus, o messias, veio para "dar a sua vida em favor de muitos" e "anunciar as boas novas do reino de Deus".[63] Durante o seu ministério, é dito que Jesus fez vários milagres, como andar sobre a água, transformar água em vinho, várias curas, exorcismos e ressuscitação de mortos (como Lázaro)[64].

O evangelho de João descreve três Pessachs durante o ministério de Jesus, e isso implica em dizer que Jesus pregou por pelo menos dois anos e um mês,[65] apesar de algumas interpretações dos evangelhos sinóticos sugerirem um período de apenas um ano[66][67]. Jesus desenvolveu seu ministério principalmente na Galiléia, tendo feito de Cafarnaum uma de suas bases evangelísticas e se deslocando várias vezes a Tiberíades pelo Mar da Galiléia. Esteve também em cidades como Samaria, na Judéia e sobretudo em Jerusalém logo antes de sua crucificação. Esteve em outros lugares de Israel, chegando a passar brevemente por Tiro e por Sidom, cidades da Fenícia.

Em suas pregações, Jesus anunciava o reino de Deus e afirmava ser ele o próprio Filho de Deus. Também afirmava ter o poder de perdoar pecados.

A transfiguração

Ver artigo principal: Transfiguração (cristianismo)

De acordo com os evangelhos sinóticos, Jesus levou três dos seus apóstolos — Pedro, João e Tiago — a um monte para orar. Enquanto lá estavam, Jesus foi transfigurado diante deles. Segundo o relato do evangelista Lucas, seu rosto brilhava como o sol e as suas roupas resplandeciam, então Elias e Moisés apareceram e conversavam com ele. Uma nuvem brilhante os cercou, e uma voz vinda do céu disse: "Este é o meu Filho amado, de quem me comprazo, a ele ouvi".

Os evangelhos também afirmam que até o final de seu ministério, Jesus começou a alertar seus discípulos de sua morte e ressurreição futura.

A paixão

A entrada triunfal em Jerusalém

Segundo os quatro evangelhos, Jesus foi com seus seguidores a Jerusalém para celebrar ali a festa da páscoa. Ele entrou na cidade no lombo de um jumento[nota 32]. Foi recebido por uma multidão, que o aclamou como "filho de Davi"[68]. Nos evangelhos de Lucas e João, também é chamado de rei.

Segundo Lucas, alguns dos fariseus, ouvindo o clamor da multidão dos discípulos, chegaram a pedir a Jesus que os repreendesse. Jesus então responde aos fariseus dizendo: "Se eles se calarem, as próprias pedras clamarão" (Lucas 19:40).

Ceia anterior à crucificação

A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, 1495-1497

Segundo os sinóticos, Jesus celebrou a páscoa com seus apóstolos — evento chamado pela tradição cristã de "A Última Ceia". Durante a comemoração, Jesus predisse que seria traído por um dos seus apóstolos, Judas Iscariotes. Ao servir o pão, ele disse: "Tomai e comei, este é o meu corpo", logo após, pegou um cálice e disse: "bebei todos, este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado para a remissão dos pecados".[69]

O Evangelho segundo João oferece maiores detalhes sobre os momentos da última ceia entre os capítulos 13 e 17, relatando o momento em que Jesus lavou os pés dos discípulos com água, os diálogos com os apóstolos, os últimos ensinamentos que transmitiu antes de morrer e a oração sacerdotal.

A prisão

Mais tarde, na mesma noite, segundo os sinóticos, Jesus teria ido para o jardim de Getsêmani, na encosta do monte das Oliveiras, em frente ao Templo, para orar. Três discípulos — Pedro, Tiago e João — faziam-lhe companhia.

Judas havia realmente traído Jesus, e o entregou aos sacerdotes e aos anciãos de Jerusalém, que pretendiam prendê-lo, por trinta moedas de prata.[70] Acompanhado por um grupo de homens armados, Judas chegou ao jardim enquanto Jesus orava, para prendê-lo. Ao beijá-lo na face, revelou a identidade de Jesus e este foi preso. Por parte de seus seguidores houve um princípio de resistência, mas depois todos se dipersaram e fugiram[71][nota 33].

O julgamento

Ecce Homo ("Eis o homem"!), Pôncio Pilatos ao apresentar Jesus Cristo aos judeus. Obra do pintor italiano Antonio Ciseri (1821-1891)

Os soldados levaram Jesus para a casa do Sumo Sacerdote. A lei judaica não permitia que o Sinédrio, a suprema corte judaica, se reunisse durante o Pessach e condenasse um homem à morte durante a noite. Jesus foi acusado primeiramente de ameaçar destruir o templo, mas as testemunhas entraram em desacordo. Depois, perguntaram a Jesus se ele era o Messias, o Filho de Deus e rei dos judeus. Jesus respondeu que era, e foi então acusado de blasfemar ao dizer-se Deus.

Após isso, os líderes judeus levaram Jesus à presença de Pôncio Pilatos, que então governava a província romana da Judéia. Acusavam-no de estar traindo Roma ao dizer-se rei dos judeus. Como Jesus era galileu, Pilatos enviou-o a Herodes Antipas — filho de Herodes, o Grande — que governava a Galiléia. Lucas conta que Herodes zombou de Jesus, vestindo-o com um manto real, e devolveu-o a Pilatos.

Era de praxe os governantes romanos libertarem um prisioneiro judeu por ocasião do Pessach. Pilatos expôs Jesus e um assassino condenado, de nome Barrabás, na escadaria do palácio, e pediu à multidão que escolhesse qual dos dois deveria ser posto em liberdade. A multidão voltou-se contra Jesus e escolheu Barrabás. Pilatos condenou então Jesus a morrer na cruz. A crucificação era uma forma comum de execução romana, aplicada, em geral, aos criminosos de classes inferiores.

A crucificação

Diego Velázquez, Cristo crucificado, 1631.

Jesus foi vestido com um manto vermelho, puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos e na mão uma vara de bambu. Os soldados romanos zombavam dele dizendo: "Salve o Rei dos Judeus"[72]. A seguir, espancaram-no e cuspiram nele. Forçaram-no a carregar a própria cruz, até um lugar chamado gólgota[nota 34]. Ao vê-lo perder as forças, ordenaram a um homem, de nome Simão Cireneu, que tomasse da cruz e a carregasse durante parte do caminho.

Conduzido para fora da cidade, Jesus foi pregado na cruz pelos soldados romanos. João conta que escreveram no alto da cruz a frase latina "Iesus Nazarenus Rex Iudeorum"[nota 35]. Puseram a cruz de Jesus entre as de dois ladrões[73][nota 36]. Antes de morrer, Jesus exclamou: "Elí, Elí, lemá sabactani" que traduzido seria "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mateus 27:46). Depois de três horas, Jesus morreu. José de Arimatéia e Nicodemos depuseram o seu corpo num túmulo recém-aberto, e o fecharam com uma pedra.

A ressurreição

A ressurreição de Cristo, por Raffaello Sanzio, 1500. MASP

Os Evangelhos contam que, no domingo de manhã, Maria Madalena foi bem cedo ao túmulo de Jesus, onde encontrou a pedra fora do lugar e o sepulcro vazio. Depois disso, Jesus apareceu a ela e a Simão Pedro. Dois discípulos viram-no na estrada de Emaús.

Os Evangelhos dizem que os onze apóstolos fiéis encontraram-se com ele, primeiro em Jerusalém e depois na Galiléia onde chegou a ser visto por algumas centenas de pessoas. Porém, é o relato de Mateus que mais oferece detalhes sobre os acontecimentos que envolveram o momento da ressurreição.

Segundo o Evangelho de Mateus, a ressurreição de Jesus teria sido precedida de um grande terremoto em razão da remoção da pedra que estava na entrada do sepulcro:

E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste, alva como a neve. E os guardas tremeram espavoridos e ficaram como se estivessem mortos.
(Mateus, 28:2-4

Nesta mesma fonte histórica, isto é, no Evangelho de Mateus, é informado também que os líderes judeus da época teriam subornado os guardas para que contassem uma versão diferente, ou seja, que os discípulos teriam levado o corpo de Jesus enquanto os vigias estivessem dormindo [74].

Além dos quatro Evangelhos e do livro de Atos dos Apóstolos, há outras fontes que falam da ressurreição de Jesus. Uma delas, também encontrada no Novo Testamento bíblico, seria um breve relato de Paulo nos versos de 3 a 8 do capítulo 15 em sua primeira epístola aos coríntios, escrita por volta do ano 55 da era cristã, onde o apóstolo menciona duas outras aparições de Jesus após a sua ressurreição, não registradas nos Evangelhos. Numa delas, Jesus teria sido visto por mais de quinhentas pessoas. Na outra ocasião, teria aparecido ao seu parente Tiago, o qual, após esta experiência, teria se tornado um seguidor e líder da Igreja de Jerusalém, escrevendo ainda um dos livros do Novo Testamento.

A ascensão

Garofalo: Ascensão de Cristo, 1510-20.

Ver artigo principal: Ascensão de Jesus

A ascensão de Jesus é relatada nos Evangelhos de Marcos e de Lucas, além de constar no começo do livro de Atos dos Apóstolos, o qual também foi escrito por Lucas.

Em Atos, Lucas narra que Jesus, após ressuscitar, apareceu durante quarenta dias aos apóstolos, passando-lhes ensinamentos e confirmando que receberiam o Espírito Santo. Prossegue o evangelista informando que, após esses dias, Jesus foi elevado às alturas até ser encoberto por uma nuvem.

Marcos, em seu resumido Evangelho, apenas comenta que Jesus, depois de ter falado aos seus discípulos, foi recebido nos céus e se assentou à direita de Deus. É Lucas quem dá mais detalhes sobre esse momento, informando ter sido em Betânia que Jesus se despediu de seus discípulos, abençoando-os enquanto era elevado para o céu (Lucas 24:50-52).

Por sua vez, em Atos, o seu segundo livro, Lucas relata que, durante a ascensão de Jesus, os discípulos permaneceram olhando para o céu até que tiveram a visão de dois anjos que lhe indagaram sobre aquela atitude, os quais teriam proferido as seguintes palavras:

Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Este Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir
Atos, 1:11

Diferente da ocasião da dramática morte de Jesus na cruz, Lucas diz que os discípulos não ficaram entristecidos com a aparente separação ocorrida na ascensão, mas retornaram felizes para Jerusalém.

Já nos Evangelhos escritos pelos apóstolos Mateus e João, não há nenhuma descrição sobre a ascensão de Jesus. Em Mateus, por exemplo, o texto termina na segunda parte do seu último verso com a frase de que Jesus permanecerá todos os dias com os seus discípulos até o fim do mundo (Mateus 28:20).

Mesmo depois da ascensão, as obras que compõem o Novo Testamento bíblico trazem outros relatos de aparições de Jesus, como ocorre na conversão de Saulo e também na visão de João quando o apóstolo é arrebatado aos céus durante sua prisão em Patmos e recebe a missão de escrever o Apocalipse.

Supostas relíquias de Jesus

Detalhes do Sudário: A esquerda o retrato real, a direita um negativo em preto e branco.

Ver artigos principais: Prepúcio Sagrado, Santo Graal e Santo Sudário.

Segundo a tradição católica e ortodoxa, que não foi aceita pelos protestantes, existem muitas relíquias atribuídas a Jesus. É provável que muitas (se não todas) dessas relíquias sejam falsificações medievais[75][76][77].

Na contemporaneidade, a mais conhecida, estudada e discutida[78] relíquia de Jesus é o Sudário (σινδών, sindón, que significa "pano" em grego), atualmente armazenados em Turim e de posse pessoal do Papa. Segundo a tradição, é o pano em que estava envolto o corpo de Jesus no túmulo. O tecido é de linho e mede 442 x 113cm. Apresenta uma dupla imagem (frente e verso) de um homem com barba, bigode e cabelos compridos, ostentando as marcas no corpo correspondente à descrição da paixão: marcas de flagelação, a corroa de espinhos, mãos e pés perfurados por pregos e a ferida por lança ao lado. O quadro não é uma pintura, mas o resultado de um gradual amarelecimento da fibra têxtil - como se fosse um negativo de um filme fotográfico[nota 37]. Na parte mais profunda das feridas há vestígios de sangue tipo AB.

As outras relíquias atribuídas a Jesus são os supostos restos do corpo de Jesus (incluindo vários traços de sangue, uma costela e os restos da circuncisão de Jesus - o Santo prepúcio) e os objetos com os quais ele entrou em contato, como as lascas da cruz, a coroa com espinhos, a lança que o perfurou, o título que foi pregado à cruz[nota 35] e taça que ele teria usado na última ceia (o Santo Graal).

Jesus na ficção e na arte

Na arte

Cristo Pantocrator, mosaico. Catedral de Cefalù.

Num primeiro momento, a arte do cristianismo evitou representar Jesus em forma humana, preferindo invocar sua figura através de símbolos, tais como o monograma formado pelas letras gregas Χ y Ρ, iniciais do nome grego Χριστός (Cristo), a união as vezes de Α y Ω, primeira e última letras, respectivamente, do alfabeto grego, para indicar que Cristo é o princípio e o fim; o símbolo do peixe em grego (ΙΧΘΥΣ, «ikhtus», acróstico de Ἰησοῦς Χριστός, Θεοῦ Υἱός, Σωτήρ (Iesous Khristos Theos uios Soter; "Jesus Cristo Filho de Deus Salvador"). Ele também já foi representado como um cordeiro (o Cordeiro de Deus); e também em símbolos antropomórficos, como o Bom Pastor.

Mais tarde apareceram representações de Cristo, primeiro representado como um jovem, e a partir do século IV foi representado quase exclusivamente com barba. Na arte bizantina se tornou habitual uma série de representações de Jesus. Algumas das quais com a imagem do Pantocrator, que tiveram um grande sucesso na Europa medieval.

Na literatura

Desde finais do século XIX, inúmeros autores de obras literários têm dado sua interpretação pessoal da vida de Jesus. Entre as obras mais destacadas que trataram do tema podemos citar:

O mistério da vida de Jesus também é tema de algumas obras da literatura comercial, às vezes em gêneros como a ficção ou o romance de mistério.

No cinema

A vida de Jesus de acordo com os relatos do Novo Testamento e normalmente sob um ponto de vista cristão, tem sido frequente. De fato, Jesus de Nazaré é um dos personagens mais interpretados no cinema. O primeiro filme sobre a vida de Jesus foi La vie et la passion de Jésus-Christ de Georges Hatot y Louis Lumière[79]. No cinema mudo, o filme que mais se destacou foi O Rei dos Reis (1927) de Cecil B. DeMille.

O tema foi abordado em diversas ocasiões, e de diversos pontos de vista: Desde a grandiosa produção de Hollwood O Rei dos Reis (Nicholas Ray, 1961) até as visões mais austeras de cineastas como Pier Paolo Pasolini (Il vangelo secondo Matteo, 1964). Também deram sua interpretação pessoal à figura de Jesus autores como Buñuel (Nazarín, 1958), y Dreyer (Ordet, 1954).

Alguns dos filmes mais recentes sobre a vida de Jesus não estão isentos de polêmicas. É o caso de A Última Tentação de Cristo (1988), de Martin Scorsese, baseado no romance homônimo de Nikos Kazantzakis, muito criticado por sua interpretação pouco ortodoxa de Jesus. O filme de Mel Gibson, A Paixão de Cristo (2004) recebeu a aprovação de vários setores do Cristianismo, mas foi considerado anti-semita por alguns membros da comunidade judaica[80][81].

A personagem Jesus tem sido tratado no cinema de vários ângulos[nota 38]. Não faltam, por exemplo, interpretações satíricas da figura do criador do cristianismo, como A Vida de Brian (Terry Jones, 1979). Musicais, como o célebre Jesus Cristo Superstar (Norman Jewison, 1973), e também filmes de animação, como The Miracle Maker (Derek W. Hayes y Stanislav Sokolov, 2000).

No teatro

A vida de Jesus também tem sido levada aos palcos da Broadway e a outras partes do mundo através dos musicais. Entre as representações líricas da vida e da obra de Jesus pode-se destacar o popular musical Jesus Cristo Superstar, uma ópera de rock com músicas de Andrew Lloyd Webber e arranjos de Tim Rice, representada pela primeira vez em 1970, e que posteriormente viria a se espalhar pelo resto do planeta[82]. Também se destaca a peça Godspell, com música de Stephen Schartz e arranjos de John-Michael Tebelak, que foi encenada pela primeira vez também em 1970[83].




Fonte: Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus